Rosângela Dolis
Agência Estado
As instituições de crédit o imobiliário com recursos da caderneta de poupança já projetam crescimento a passos largos em 2007, depois do bom resultado obtido em 2006.
Ano passado, os financiamentos cresceram 95,5%, para RS 9,48 bilhões, e o número de unidades financiadas, de 115.523, foi o maior desde 1988. Para 2007, a estimativa é que os financiamentos atingirão de R$ 10,5 bilhões a R$ 11 bilhões e o número de unidades ficará entre 130 mil e 150 mil, disse Décio Tenerello, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Luiz Antônio Rodrigues, da Diretoria de Crédito Imobiliário do Banco Itaú, disse que o banco somou R$ l ,4 bilhão em crédito imobiliário em 2006 e planeja crescer de 20% a 30% este ano.
Tenerello acredita que as construtoras vão se voltar para imóveis entre RS 70 mil e R$ 200 mil e que os fatores que garantiram bons resultados em 2005 e 2006 vão influenciar o mercado este ano.
"Compradores e bancos têm mais confiança na sua relação contratual por causa de mudanças na lei em 2004 que impedem perdas como as ocorridas no caso Encol", ele diz. Além disso, o custo de construção deve ter novas reduções se for mantida a política de corte da taxa básica de juros . "Outro fator é que a massa salarial teve aumento real de 4% em 2006, o que aumenta a procura", disse Tenerello. "Tudo isso faz com que os bancos passem a olhar o crédito imobiliário como negócio e não mais como obrigação", conclui.
Prova disso é que os bancos investiram para melhorar o atendimento e atrair mais clientes. Rodrigues, do Itaú, diz que o banco atacou a burocracia. O prazo de fechamento de um contrato, que em 2000 era de até um ano, agora pode ser de apenas 20 dias. Além disso, o banco reduziu os juros de 12% para 8% nos três primeiros anos dos contratos de até R$ 100 mil. Outra simplificação foi oferecer aprovação de crédito pela internet.
Os bancos contam também com o aumento dos depósitos em poupança para ampliar a oferta de financiamentos. A caderneta, diz Rodrigues, vem atraindo depósitos porque está competitiva diante de títulos bancários como os CDBs. "Se o governo não tomar medidas pa ra reduzir o ganho da caderneta, os depósitos vão crescer muito e os financiamentos imobiliários também, porque os bancos são obrigados a destinar ao crédito imobiliário 65% da poupança", diz ele.