A cada ano o Brasil registra 100 mil casos de exploração sexual de crianças e adolescentes, o que representa cerca de 10% dos números registrados em todo o mundo. Parte dessa exploração está ligada ao chamado turismo sexual. Os dados, apresentados ontem pelo Ministério Público Estadual, durante audiência com empresários do setor hoteleiro, não fazem referência a Alagoas, mas segundo a promotora de Justiça Marluce Falcão, a inauguração do aeroporto internacional é motivo de preocupação.
“Precisamos criar mecanismos para evitar que a vinda de vôos internacionais para Maceió traga também a ampliação dessa modalidade degradante de exploração”, disse ela.
Para discutir esses mecanismos, os ministérios públicos Estadual, Federal e do Trabalho começaram a reunir todos os setores ligados ao turismo, em audiências públicas, com a participação de representantes da Defesa Social que atuam nas delegacias de Defesa das Mulheres, e da Criança e do Adolescente.
A primeira audiência foi ontem, começando com os donos de hotéis e pousadas, e de bares, restaurantes e similares. No próximo dia 19, uma nova audiência vai reunir, também, os taxistas de Maceió.
“A rede que atua na organização criminosa da exploração sexual tem sempre o envolvimento do rufião, de alguns taxistas, donos de restaurantes e de pessoas da rede hoteleira”, diz Marluce Falcão.
Aliados – A idéia, segundo a promotora, é transformar essas pessoas em aliadas no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes e ao turismo sexual.
“Queremos ajudar e podemos fazer a nossa parte, cobrando a documentação para evitar a entrada de menores desacompanhados de seus pais nos hotéis e pousadas. Mas há dificuldades em relação ao resto. Não dá para saber quem é ou não prostituta e barrar a entrada. Podemos ser vítimas de uma ação por constrangimento”, argumenta o empresário Carlos Souza, dono de um hotel. Para ele, o problema deve ser tratado como uma questão social.