PATRYCIA MONTEIRO Com Agência Estado
Em Alagoas, o número de contratações no mercado formal de trabalho ficou abaixo do número de demissões no mês de fevereiro deste ano. É o que informam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
No Estado, foram registradas 4.704 admissões no mês passado contra 15.601 desligamentos, deixando um saldo negativo formado por 10.897 desempregados.
Em janeiro, o saldo também foi negativo com 2.562 trabalhadores sem emprego. Dessa forma, no acumulado do ano, o mercado de trabalho alagoano registrou 11.562 admissões contra um total de 25.021 demissões, deixando um saldo negativo de 13.459 desempregados.
O fraco desempenho no emprego formal no mês passado deve-se ao processo de demissão em massa do setor sucroalcooleiro que está encerrando suas atividades agrícolas graças ao fim da safra de cana-de-açúcar. O segmento da indústria da transformação, do qual fazem parte as usinas e destilarias de Alagoas, contratou 613 trabalhadores no mês, mas demitiu 10.870.
Por outro lado, em fevereiro os setores que mais contrataram no Estado foram a construção civil com saldo positivo formado por 110 admissões – e o de Serviços, com saldo positivo formado por 127 contratações.
O resultado negativo do mercado alagoano já era esperado. Nos primeiros meses do ano os números de demissões sempre superam os das admissões. Trata-se de um ciclo de desemprego que ocorre porque as duas principais atividades econômicas empregadoras de mão-de-obra – a agroindústria canavieira e o segmento de serviços – contratam e demitem na mesma fase do ano por causa da simultaneidade da safra de cana e da alta temporada turística.
NO PAÍS
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho registrou em fevereiro a criação de 148.019 novos empregos com carteira assinada no País. O resultado foi 16,2% menor do que o verificado no mesmo mês de 2006, quando foram gerados 176.632 novos postos de trabalho.
No bimestre, o Caged, que registra todas as demissões e admissões feitas pelas empresas que contratam pelas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), acumula um saldo positivo de 253.487 novos empregos, contra 263.248 registrados em igual período do ano passado.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, classificou o resultado de fevereiro como "bom e dentro das expectativas" do governo. "O resultado não nos surpreendeu", comentou.
Marinho disse que a redução no ritmo de geração de empregos com carteira assinada no mês pode ser explicada pelo fato de fevereiro de 2006 ter concentrado um grande número de "feiras e eventos turísticos" em grandes cidades do Sul e Sudeste. Para o ministro, é cedo para falar qual será a tendência do ano no mercado de trabalho. "Somente em maio poderemos ter uma visão mais geral", afirmou.
Todos os grandes setores da economia registraram mais contratações do que demissões de trabalhadores, sendo que os serviços geraram 62,8 mil novas vagas, a indústria de transformação ficou positiva em 30,8 mil novos postos e a agropecuária registrou 21,9 mil.
No bimestre, o melhor desempenho dos três foi a indústria, registrando o seu segundo melhor resultado para o período da série do Caged, abaixo apenas do primeiro bimestre de 2004. "Se a indústria de transformação continuar nesse ritmo, certamente ela vai puxar o crescimento do ano como ocorreu em 2004. No entanto, ainda é cedo para falar que isso é uma tendência", afirmou Marinho.
CONSTRUÇÃO
Alguns setores que vinham com bom desempenho, apresentaram redução no ritmo de geração de empregos como a construção civil. Em janeiro, as empresas desse setor criaram 11,7 mil novos empregos e em fevereiro foram apenas 5,5 mil.
Marinho apontou o menor número de obras públicas sendo tacadas pelos governos neste início de ano como uma das principais explicações para isso. "O ano passado era eleitoral e os governos anteciparam para o primeiro semestre a execução de suas obras para não esbarrar nas limitações da lei eleitoral e este ano isso não é necessário", comentou Marinho. Pela lei, em ano eleitoral, obras não podem ser licitadas três meses antes das eleições.