CARLA SERQUEIRA
Repórter
A polêmica sobre a região mais adequada para instalação do aterro sanitário de Maceió – única capital do Nordeste que ainda não tem a estrutura – alimentou discussões, ontem, na Câmara de Vereadores, e levou uma comitiva de 36 alagoanos financiados pela prefeitura até Salvador (BA) para visitar o aterro Battre, entre a capital baiana e a cidade de Lauro de Freitas.
Há pouco mais de um ano, o Conselho Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Compram), formado por órgãos da prefeitura e representantes da sociedade civil organizada, definiu, por unanimidade, que a região do Meirim, no Tabuleiro do Martins, seria a mais segura em termos ambientais para receber o projeto, baseado em estudos elaborados pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Sem realizar os levantamentos recomendados pelo Compram referentes aos riscos ambientais no Meirim e às alternativas socioeconômicas para os catadores do lixão de Jacarecica, a prefeitura resolveu, com base num relatório da Casal e do Instituto do Meio Ambiente (IMA), desistir do local, alegando contaminação do Rio Pratagy, e apontar Guaxuma como a área mais favorável para o aterro. O mesmo Conselho que antes foi unânime teve, então, que emitir, outra vez, uma licença prévia para o projeto e, por oito votos a sete, decidiu pelo Litoral Norte.
Demonstrando interesse em se posicionar sobre o assunto, os vereadores formaram, na sessão de ontem, uma comissão para ver de perto as duas áreas. A concentração está marcada para amanhã, às 8h30, em frente à Câmara, na Praça Deodoro. A visita em Guaxuma e no Meirim será acompanhada por técnicos da Ufal, responsáveis pelos estudos realizado, ano passado, em 16 áreas da região metropolitana de Maceió, que definiram Marechal Deodoro, Guaxuma e a região do Meirim como as mais indicadas.
"Na minha opinião, este debate entre as duas áreas é uma ‘sinuca de bico’. Voltamos à estaca zero quando a universidade definiu a região do Meirim e Guaxuma como as mais indicadas para receber o aterro. O prefeito não terá como definir porque, de um lado tem interesses de usinas (Meirim), do outro, de empresas da construção imobiliária (Guaxuma)", afirmou o vereador Thomaz Beltrão (PT), defendendo a região do Meirim por ser área rural. "A outra área é de expansão urbana e Maceió se destaca pelo turismo", disse ele.
Já o vereador Marcelo Malta (PC do B) defende que o prefeito Cícero Almeida se articule com os prefeitos de Marechal Deodoro, Coqueiro Seco, Santa Luzia do Norte e Pilar – região metropolitana de Maceió – no sentido de juntos escolherem uma área de tabuleiro para implantar o aterro sanitário. "Maceió, por ser capital, lideraria a articulação e o aterro serviria a todos os municípios envolvidos, beneficiando a população de cada cidade e poupando, ainda, a Lagoa Mundaú da poluição que recebe desta região hoje", afirmou ele, dando o exemplo de Salvador (BA), João Pessoa (PB) e Fortaleza (CE). "São capitais que resolveram instalar seus aterros sanitários em regiões metropolitanas e não enfrentam problemas por isso", explica.
Na tentativa de convencer lideranças comunitárias e jornalistas de que a instalação do aterro sanitário em Guaxuma não trará problemas para o meio ambiente, a prefeitura de Maceió bancou uma viagem de ônibus para 36 pessoas até Salvador, ontem. "Foi uma oportunidade para as pessoas conhecerem como funciona um aterro na prática", disse o secretário de Comunicação, Marcelo Firmino. O prefeito não acompanhou a comitiva, estava em Brasília assinando convênios para a área da Educação, de acordo com Firmino.
Quem guiou o grupo, além do secretário, foi Lauriano Omena, perintendente de Limpeza . Urbana de Maceió. O aterro tem de começar a funcionar até dezembro.