BLEINE OLIVEIRA
Repórter
A Assembléia Legislativa decidiu entrar nas discussões sobre o aterro sanitário de Maceió. Ontem, após uma sessão especial, o Legislativo decidiu tratar do assunto na Comissão de Agricultura, Política Rural e Meio Ambiente. O deputado Alberto Sextafeira (PSB), que propôs a sessão especial, disse que a intenção é impedir que o aterro se transforme "numa nova Braskem" (indústria química situada no bairro do Pontal).
O parlamentar lembrou que, no início dos anos 70, quando da instalação da fábrica como Salgema Indústrias Químicas, a sociedade alagoana não tinha a consciência ambiental que tem hoje. Em conseqüência, o governo da época permitiu a instalação da indústria numa área urbana que ficou totalmente inviabilizada. A indústria desvalorizou a orla lagunar e litorânea próxima ao Pontal da Barra. "Para não repetirmos o erro, é preciso esgotar a discussão sobre o aterro sanitário" – propôs Sextafeira. Participaram da sessão três dos 27 deputados estaduais e dois dos 21 vereadores maceioenses.
O engenheiro Vinícius Maia Nobre, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), apresentou uma alternativa ao local escolhido pela Prefeitura de Maceió, o bairro de Guaxuma. Estudioso das questões ambientais, ele propôs que o aterro seja construído no entroncamento da BR-101, próximo ao município de Satuba. O argumento do engenheiro é que o local é desabitado e pode ser utilizado pelos próximos 30 anos.
Já a professora Nélia Calado, também da Ufal, voltou a apresentar o trabalho Destino Final dos Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Maceió, elaborado sob coordenação da Universidade Federal, que apontou 16 locais para instalação do aterro sanitário de Maceió. Sete deles na região de Cachoeira do Meirim, proximidades do complexo residencial Benedito Bentes. Representantes do bairro participaram da sessão especial na Assembléia Legislativa e voltaram a condenar a construção do aterro na localidade.
Pressionada pelo Ministério Público Federal, com o qual firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) garantindo que o aterro sanitário de Maceió estará pronto em dezembro deste ano, a prefeitura tenta administrar o conflito gerado pela escolha de Guaxuma como local de destinação final dos resíduos sólidos urbanos.
O município tem contra si a população da área e setores da construção civil e do turismo.