A construção civil em Florianópolis está acelerada. As áreas de alvarás emitidas pela prefeitura para novas edificações mais do que dobraram entre janeiro e agosto desde ano, em comparação com o mesmo período de 2007, e vai fechar 2008 com pelo menos 100% de crescimento. A projeção é do presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Florianópolis (Sinduscon), Hélio Bairros. Durante o ano passado, foram liberados 444,74 mil m para construção. Na maior imobiliária de Santa Catarina, a Brognoli Negócios Imobiliários, as vendas cresceram 40% em 2008, em comparação com o mesmo período do ano passado, quase o dobro da média nacional.
Bairros afirma que está faltando mão-de-obra, principalmente de profissionais qualificados e o setor está com dificuldades para obter matéria-prima. "No caso das encomendas de ferro, estamos esperando seis meses em média para receber o produto."
A maior demanda em Florianópolis, como em qualquer outro lugar do Brasil, é por imóveis de menor preço, entre R$ 45 mil a R$ 1250 mil, mas a maior oferta é destinada às classes média alta e alta. "Florianópolis está muito exposta na mídia, é uma cidade muito bonita, desejada pelas suas praias e belezas naturais, o que atrai muita gente de fora. Os terrenos também estão escassos na ilha, o que valoriza e encarece a região", diz o gerente de vendas da Brognoli, Marcos Alcauza.
Segundo ele, imóveis novos ou usados entre R$ 150 mil e R$ 250 mil são os mais vendidos. "Apesar disso, famílias do interior de Santa Catarina, de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, de alto poder aquisitivo, estão comprando em Florianópolis", diz. Hélio Bairros, do Sinduscon, afirma que no último Salão do Imóvel realizado este mês foram comercializados imóveis de até R$ 3 milhões. "Na avenida Beira Mar Norte, a mais valorizada da cidade, há apartamentos com o metro quadrado custando R$ 6 mil, certamente um dos mais caros do Brasil."
Para Alcauza, a expansão dos negócios imobiliários está ligada também à oferta maior de crédito, ao uso do dinheiro da poupança pelos bancos em financiamentos e ao aumento de renda da população. Como a ilha de Floria-nópolis tem severas restrições ambientais, já que cerca da metade é área de preservação permanente (APP) ou limitada (APL), os investimentos se voltam à porção continental, em bairros como o de Coqueiros, Estreito, e municípios da região metropolitana como São José e Palhoça.
Dentre os indicadores disponíveis do setor, apenas um está negativo, o do número de habite-se, que caiu 30% este ano, em relação a 2007. "Significa que apesar das aprovações dos projetos, se entregou menos obras", explica Bairros. Segundo ele, há um temor dos construtores de que o projeto da moratória da Bacia do Itacorubi, de autoria da Prefeitura e em tramitação na Câmara de Vereadores, seja aprovado.
O prefeito da cidade, Dário Berger, quer coibir as obras alegando que Florianópolis não tem infra-estrutura (tratamento de água e esgoto, transporte coletivo, rodovias, e segurança, entre outros) para crescer. Bairros considera a ação "um desatino". A Bacia do Itacorubi atinge oito bairros, os mais centrais. "Não podemos frear o crescimento, temos que estabelecer regras para a ocupação do espaço e é dever do poder público investir em infra-estrutura, para isso ele arrecada impostos", diz o dirigente.