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Resistência aos aumentos de custos

22 de setembro de 2008

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A indústria da construção atravessa um de seus melhores anos. Nos primeiros sete meses de 2008, o setor criou 271,4 mil novos empregos em todo o País, 103% a mais que no mesmo período de 2007. Embora as obras de infra-estrutura venham respondendo por uma parcela crescente do emprego, a maior parte das novas vagas continua se originando no setor imobiliário. O impressionante crescimento deste segmento se iniciou em 2004, quando o governo estimulou os bancos a aumentarem o volume de recursos destinados ao financiamento de imóveis e promulgou uma legislação que dá mais segurança ao investidor.

Desde então, o setor imobiliário não pára de crescer. Nos últimos 12 meses encerrados em julho, recursos da Caderneta de Poupança no valor de mais de R$ 26 bilhões (o dobro dos 12 meses anteriores) financiaram a aquisição e a comercialização de mais de 260 mil imóveis. Isto significa que em 2008 poderá ser superado o recorde histórico das 266,8 mil unidades habitacionais financiadas nesse sistema em 1981, o melhor ano desses empréstimos. As grandes empresas do segmento que abriram o capital na Bolsa serão responsáveis por boa parte desse desempenho. As fusões e aquisições entre elas eram esperadas e agora este mercado se consolida.

O desempenho do setor imobiliário não teria sido possível sem outros dois fatores: a estabilidade econômica e o aumento da renda das famílias. Entretanto, no primeiro semestre, quando a inflação recrudesceu, o custo da construção também aumentou. No início do segundo semestre, a expectativa era de mudança no cenário, com uma desaceleração no aumento desse custo. Contudo, os números de agosto mostraram nova aceleração.

O que continua alimentando um elevado INCC (Índice Nacional dos Custos da Construção) são os preços dos materiais do setor. Voltaram a acelerar, apresentando aumento de 2,18% em agosto, contra 1,56% em julho. Com isso, esses insumos já subiram em média 10,07% no ano. Os aumentos se registraram tanto em insumos da construção produzidos por setores com poucos fabricantes e, portanto, com maior poder de imposição de preços, como por segmentos concorrenciais. Os materiais que mais contribuíram para o resultado de agosto foram o aço, com aumento médio de 10,33% no mês; o tijolo e a telha cerâmica (+3,33%), o elevador (+3,15%) e os tubos, eletrodutos e conexões de aço e ferro galvanizado (+4,56%).

No Estado de São Paulo, o CUB (Custo Unitário Básico) da construção residencial voltou a subir. Em agosto, registrou aumento de 1,36%, contra 0,60% em julho. Os custos da mão-de-obra elevaram-se 1,03%, por conta, principalmente, do aumento com os custos de alimentação. Mas novamente os materiais pesaram mais: aumentaram 1,84% em agosto, contra 0,86% no mês anterior. O aço figura entre os materiais que mais contribuíram: (+ 5,67% no mês e +18,25% no ano).

O mais grave: no acumulado de 12 meses no Estado de São Paulo, a madeira subiu 29,9%; o cimento, 28,7%; o concreto, 28,47%; a brita, 26,22%; a areia, 24,45%; o bloco cerâmico, 24,01%; e o aço, 20,16%. Esse quadro está trazendo desequilíbrio econômico- financeiro a contratos de execução de obras, podendo até inviabilizar empreendimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

De seu lado, a indústria de materiais informa que trabalha muito próxima do limite da capacidade de produção. A utilização desse nível chegou a 87% em julho, de acordo com a Abramat (Associação Brasileira de Materiais de Construção). Os prazos de entrega se elevaram. As construtoras têm se planejado com antecedência para manter seus cronogramas de obras em dia.
Nos próximos meses, a redução dos preços das commodities e do petróleo no mercado externo deve aliviar a pressão dos custos dos fabricantes de materiais. Não há previsão de novos reajustes salariais como os que impactaram o custo da construção no primeiro semestre. Associações de compras estão se formando ou já atuando para assegurar fornecimentos a preços justos. Será o caso da Compracon (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São Paulo), com apoio do SindusCon-SP.

Mas a tarefa imediata é agir para sustar a alta de preços derivada do aumento da demanda. Cabe às construtoras não sancionar aumentos especulativos, uma vez que não há espaço para repasse aos preços dos imóveis e das obras públicas. À indústria de materiais cabe abastecer o mercado, inclusive lançando mão da importação de produtos, se for necessário. Afinal, o crescimento da construção deverá se sustentar ao longo dos próximos anos, por conta da expansão do crédito imobiliário e do aumento dos investimentos em infra-estrutura.

Já o governo tem por tarefa facilitar os investimentos da indústria de materiais e abrir linha de crédito para a ampliação da capacidade produtiva de pequenos e médios fabricantes de insumos. A despeito de todas essas dificuldades, a indústria da construção deverá crescer cerca de 10% em 2008.

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É com imensa gratidão que queremos expressar nossos mais sinceros…

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