A crise financeira internacional e os impactos da Medida Provisória 443, que autorizou os bancos públicos a se tornarem sócios de construtoras foi o principal tema do painel econômico do 80º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC) na manhã de quinta-feira (23).
"Desculpem-me quem admira o ministro Guido Mantega, mas ele agiu errado e vai ter que voltar atrás. Não se estatiza construtora. É uma medida descabível", enfatizou o economista e especialista em contas públicas, Raul Velloso. "O problema é que a Caixa Econômica está com dinheiro sobrando e eles não têm o que fazer e inventam isso", brincou.
De acordo com o economista, o País passará por um período de escassez de investimentos estrangeiros, de redução do comércio exterior e de pressões inflacionárias. Para minimizar os efeitos, o governo teria que estimular a poupança interna e cortar as despesas correntes.
"Vamos ter que nos adaptar a nova realidade financeira do País e do mundo. O Brasil não tem problema de solvência, como os Estados Unidos, mas de liquidez. Temos que brigar pela percepção de que o País está bem porque está mesmo. Agora, vamos nos acostumando a idéia de que cresceremos menos", completou.
Na opinião do Vice-Presidente de Desenvolvimento de Mercado da Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas (APEOP), Carlos Zveibil Neto, será difícil fazer o governo cortar gastos correntes, mantendo o ritmo investimentos públicos, principalmente na obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
"A saída são as Parcerias Público Privada. Assim, são mantidos os investimentos em infra-estrutura, imprescindíveis para o crescimento sustentável do País, sem onerar tanto o orçamento público", destacou
Já o empresário Francisco Sérgio Cavalieri, presidente do Conselho da Ale Combustíveis, destacou que a crise pode gerar oportunidades. "Apesar de ser um momento de cautela, podemos ter novas oportunidades de negócios", destacou. Ele discursou sobre a importância das empresas buscarem a inovação tecnológica como forma de cortar custos neste momento de escassez de crédito.