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Mineiro usa cautela para proteger setor

5 de janeiro de 2009

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O mineiro é muito cauteloso em seus negócios e esse hábito serviu de blindagem, até agora, contra a crise econômica que avançou na atividade imobiliária em todo o mundo. Um exemplo é o estilo de construir do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas (Sinduscon-MG), Walter Bernardes de Castro. A sua empresa, Enar, especializada em apartamentos de alto luxo, lançou recentemente um prédio de 20 unidades no bairro Sion, que é um dos mais elegantes da capital mineira. Com a receita da venda das primeiras unidades, o construtor adquiriu todo o material que necessitava para concluir o prédio, incluindo cimento, tijolos, cerâmica, esquadrias e vidros. A crise só irá alcançá-lo de verdade se, dentro de 12 meses, quando o prédio estiver pronto, não aparecerem novos compradores.
O Sinduscon-MG reúne 315 empresas de construção de edifícios residenciais, comerciais e obras industriais em Belo Horizonte. Mas o número de construtoras é maior, são quase 10 mil empresas que respondem principalmente pelos prédios com até 12 apartamentos, sem elevador. No momento, a situação não é boa para elas, há 1.500 apartamentos de luxo à venda na capital mineira e os compradores se afastaram do mercado. "Muitos compradores são funcionários de grandes indústrias e mineradoras e estão com medo de perder os empregos", informa Castro.
Essa situação é bem diferente da vivida nos primeiros meses do ano, quando cerca de 20% do estoque existente era vendido a cada mês, provocando uma grande rotatividade e incremento nos negócios. Os bancos assediavam as construtoras com juros baixos e, por conta do aquecimento do mercado, um grande número de empresas de outros estados invadiu a cidade, com empreendimentos grandiosos. As construtoras forasteiras chegaram com bala na agulha, por conta da abertura de capital que as deixaram tão capitalizadas, que, em muitos casos, descuidaram do rigor nas negociações da compra de terrenos. "Elas tinham a expectativa de que haveria uma valorização tão grande que os preços cobririam tudo", diz Castro.
A primeira a chegar foi a Odebrecht Empreendimentos Imobiliários, que, em 2004, deu início à construção do condomínio Vale dos Cristais na estrada para Nova Lima e a cerca de 15 quilômetros do centro comercial de Belo Horizonte. Na verdade, o empreendimento não é apenas um condomínio, mas um bairro inteiro, construído num terreno de 6 milhões de metros quadrados, de propriedade da mineradora Anglo Gold, que é parceira no negócio. O empreendimento terá, ao final, 18 etapas. A obra já recebeu uma unidade do Colégio Santo Agostinho, um dos mais tradicionais da capital, com capacidade para dois mil alunos, dos quais 800 estão matriculados.
Na primeira etapa, foram entregues 537 lotes com infra-estrutura pronta para que os moradores pudessem imediatamente começar as obras de suas residências. Na segunda etapa, foram entregues seis prédios com oito apartamentos, todos com quatro suítes. No momento, está em fase de conclusão a terceira etapa, com mais sete prédios. Para promover a convivência nessa verdadeira fazenda, foi construído um clube com quadras de tênis e área de lazer.
A Inpar foi mais longe, adquiriu uma imensa área em torno da Lagoa dos Ingleses, a mais de 40 quilômetros do centro. Na zona urbana, passaram a atuar a Cyrela, a Rossi e a Camargo Corrêa (esta última optou por lançamentos voltados para consumidores de baixa renda). A última a chegar foi a Klabin Segall, que desembarcou em abril de 2008. Inicialmente a empresa optou por lançar empreendimentos com dois parceiros locais, a Paranasa e a RKM Engenharia.
Foram realizados dois lançamentos pela parceria liderada pela Klabin. Um é o The Place, um empreendimento de alto luxo exclusivo e com conceito de condomínio-clube. Cada apartamento tem 290 metros quadrados, e o valor médio das unidades ficará em torno de R$ 1,1 milhão. O outro prédio também segue o mesmo conceito, mas será mais modesto e terá custo de R$ 800 mil. Os dois empreendimentos somados têm Valor Geral de Vendas (VGV) em torno de R$ 100 milhões.
Os mineiros não ficaram imobilizados, porém, diante do assédio paulista. Três das maiores construtoras mineiras, a Metro Participações Imobiliárias, a Alicerce Empreendimentos e a Santa Bárbara Desenvolvimento Imobiliário, se uniram numa incorporadora, a Masb. A sigla é formada pela primeira letra do nome de cada uma das associadas. A Masb acabou de lançar um empreendimento que é, de uma só vez, um grande e luxuoso conjunto residencial, com sofisticado clube de lazer. Trata-se do Residencial Cennario, com 600 apartamentos de alto luxo e uma área de lazer disponível só em clubes de elite, com piscinas aquecidas, quadras de tênis e espaço gourmet. O VGV é estimado em R$ 700 milhões.
As empresas que desapareceram para se tornarem acionistas da Masb pertencem a importantes grupos econômicos, como a Ale Combustíveis, Cerealista Tangará e aos antigos acionistas da fábrica de Cimento Cauê, esta última vendida para a Construtora Camargo Corrêa.
Segundo Luís Renato Paim Fernandes, presidente da Masb, a associação de três grandes construturas que competiam entre elas no mercado decorre do crescimento do mercado imobiliário. O dirigente ressalta que essa expansão foi provocada pela recuperação da economia brasileira, da redução de juros e, sobretudo, da facilidade em se retomar os imóveis dos inadimplentes. "Hoje, com apenas nove meses é possível retomar o imóvel e repassá-lo a um novo comprador, o que deu impulso aos negócios do setor", explicou.
Também recentemente a Companhia Vale do Rio Doce, que é sucessora da MBR Mineração, anunciou o lançamento de um grande empreendimento imobiliário denominado Águas Claras, que tem como destaque um gigantesco lago. O lago, na verdade, é a cava da mineração já exaurida em torno do qual se erguerá o condomínio exclusivo para mansões e prédios de alto luxo. As vendas ainda não foram anunciadas.
Com relação à atual crise, o presidente do Sinduscon-MG informa que já houve demissões no setor. O empresário espera ações do governo. "Fora isso, é esperar com muita cautela o que acontecerá no mundo", declarou.

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