O governo vai subsidiar quase integralmente a compra da casa própria para mutuários de baixa renda. O programa habitacional que será lançado este mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê prestações mensais simbólicas, de R$ 15 a R$ 20, para famílias que ganham até três salários mínimos (R$ 1.395) por mês.
Não é só: para facilitar a vida dos mais pobres e evitar o acúmulo do aluguel com as parcelas do financiamento, o comprador só começará a quitar as prestações quando estiver morando no imóvel.
Direcionado aos menos favorecidos, o plano tem um perfil de Bolsa Habitação. A ideia do governo Lula é conceder um pacote de benefícios para baratear a construção e estimular a compra da casa própria.
Embora o programa seja destinado a famílias que recebem até 10 mínimos (R$ 4.650), os subsídios de quase 100% atingirão apenas os mais carentes, que ganham até R$ 1.395 mensais. Cálculos da equipe econômica indicam que 85% do déficit habitacional, de 7 milhões de moradias, está concentrado nessa faixa, principalmente em grandes cidades.
Governadores que conversaram com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disseram que os subsídios para o pacote serão tão volumosos quanto os recursos do governo no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O plano também permite ao mutuário comprar o imóvel sem desembolsar um tostão de entrada.
A Caixa Econômica Federal poderá comprar participação acionária em construtoras ou empresas de qualquer outro setor, segundo prevê o texto da Lei 11.908, publicada ontem no Diário Oficial da União. A medida contava com forte oposição do setor privado.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) enviou carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo o veto do artigo que abre essa possibilidade. Mesmo às vésperas do lançamento do pacote da habitação, o pedido não foi atendido.
"A Caixa, como tal, não poderá comprar construtoras. Mas, se ela estruturar uma empresa chamada Caixa Participações, prevista na lei, ela poderá entrar em qualquer empresa", disse o deputado João Paulo (PT-SP), relator do texto.
ENTRADA DE DÓLARES VOLTA A SUPERAR SAÍDA
O fluxo cambial, que mede a entrada e saída de dólares no país, ficou positivo em US$ 841 milhões em fevereiro, segundo dados do Banco Central.
Trata-se do primeiro mês, desde setembro, em que a entrada de dólares no país supera o valor da saída. Desde a disparada do dólar provocada pela piora na crise econômica, o país vinha registrando resultados negativos nessa conta.
Apesar da melhora, o resultado ainda está abaixo dos níveis registrados em 2008. Em fevereiro do ano passado, por exemplo, o fluxo estava positivo em US$ 3,25 bilhões.
A recuperação foi puxada pelo superávit da balança comercial em fevereiro (houve déficit em janeiro), que trouxe mais dólares para o país, além de uma saída menor de recursos na área financeira.
ANÁLISE DA NOTÍCIA
Dizem que, nas crises, alguns choram enquanto outros vendem lenços. É o caso da China. Não há mais dúvidas de que o país sairá mais forte da atual turbulência.
Exemplo: bastou o governo chinês cogitar o aumento de gastos em infraestrutura para provocar uma reação positiva nas bolsas. O motivo é simples: é a China que move o mundo.
A China produz de brinquedos a produtos eletrônicos sofisticados. É a maior consumidora mundial de matéria-prima. Não tem bancos nem grandes empresas quebrados.
Tem dinheiro em caixa. E quando seu governo diz que vai investir, investe mesmo. Quando Pequim fala, o mundo ouve, porque sabe que as palavras serão efetivamente convertidas em iniciativas concretas.
E, se a grande roda da economia mundial girar, parte da crise estará amenizada, pelo menos para países como Brasil, grandes vendedores de matéria-prima. Ave, China.
