SÃO PAULO – Na opinião do vice-presidente de comercialização e marketing do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Elbio Fernández Mera, o programa governamental Minha Casa, Minha Vida permite que o setor imobiliário foque nas classes C, D e E e invista no mercado do presente e do futuro.

Isso porque, na pirâmide social, 30% da população de classe C têm menos de 20 anos de idade, percentual que sobe para 41% nas classes D e E. Mera estima que até 2016, as moradias com valor inferior a R$ 150 mil superem de forma significativa o mercado tradicional.

"Com financiamento, os compradores de menor renda vão substituir a construção autogerida pela aquisição de unidades produzidas pelas empresas. Vão trocar a prestação do material de construção pela prestação da casa própria", diz.

Desafio
O presidente do Secovi-SP, João Crestana, destaca o fato de que com a criação do programa habitacional, o governo permitiu ao setor operar no segmento que mais demanda por moradias. Contudo, disse ele, será um desafio para as empresas atender esta faixa da população.

"Ao subsidiar essas famílias, o governo criou um mercado que, até então, era atendido de forma insuficiente. O grande desafio das empresas é atender este nicho (integrado por famílias com renda mensal de até três salários mínimos), com criatividade e pró-atividade", afirmou.

Crestana não é o único a pensar de tal maneira. A própria CEF (Caixa Econômica Federal) reconheceu a dificuldade de atender o público de baixa renda. "Sei que vamos encontrar uma série de falhas no processo. Mas faremos os ajustes necessários. A Caixa vai ter que aprender a trabalhar de uma forma mais efetiva nessa faixa de renda", disse o vice-presidente de governo da instituição, Jorge Hereda.