SÃO PAULO – Devido ao programa habitacional do governo Minha Casa, Minha Vida, os olhares, e bolsos, dos brasileiros se voltam, cada vez mais, ao antigo sonho de adquirir a casa própria. Tal atenção pode ser constatada pela grande procura de imóveis nos Feirões da Caixa, realizados em diversas cidades do País, e pelo crescente volume de crédito para este fim. Para o Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo), este é o ano do crédito imobiliário.
De acordo com o economista-chefe do sindicato, Celso Petrucci, o setor tem muito o que comemorar. Segundo ele, quase R$ 80 bilhões estão sendo disponibilizados pelas principais fontes de financiamento, como poupança e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), para o mercado habitacional. As vendas cresceram e registraram no primeiro trimestre deste ano resultados iguais ou melhores que o mesmo período do ano passado.
No entanto, Petrucci explica que essas mudanças farão de 2009 o ano do crédito imobiliário, se as possíveis mudanças com a remuneração das cadernetas não forem no sentido de prejudicar o financiamento imobiliário, "pois seria inoportuna qualquer iniciativa neste sentido, principalmente quando o País todo começa a experimentar as facilidades do crédito imobiliário".
Dúvidas
Além das incertezas levantadas sobre o que acontecerá com a caderneta de poupança, o economista do Secovi questiona a estrutura da Caixa Econômica Federal em conseguir analisar os projetos do programa habitacional nos prazos prometidos – 45 dias.
Em 15 dias, após o início do programa, o banco recebeu projetos que contemplam mais de 50 mil unidades, prontas para análise. "Restam para nós algumas dúvidas quanto à capacidade operacional da Caixa para analisar os processos de financiamento nos prazos prometidos e a adesão das prefeituras e órgãos ambientais aos prazos previstos no programa".
Petrucci também questiona o valor com que esses imóveis serão comercializados. Para ele, os preços fixados pelo Ministério das Cidades podem não ser acessíveis às famílias com renda até três salários mínimos. "Se os preços fixados ‘baterem na trave’, infelizmente poderá ocorrer com o Minha Casa, Minha Vida o mesmo que aconteceu com o PAR (Programa de Arrendamento Residencial), prejudicando àqueles que mais necessitam de moradia".
Mesmo com tais dúvidas, o economista acredita que este ano "tem tudo para ser o mais marcante no âmbito do crédito imobiliário no Brasil".