Marroquim vence PSQT Nacional 2010

7 de abril de 2011

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Brasília – As toneladas de entulhos que sobravam da construção de casas e edifícios inspiraram a construtora Marroquim Engenharia, de Macéio, a desenvolver fórmulas de reutilização do material. Para fazer a destinação dos resíduos correta, os funcionários da empresa foram orientados a separar o plástico e o papel das embalagens em baias que facilitam a entrega para uma cooperativa de reciclagem. Os restos de madeira e resíduos de tijolos, cimento e de cerâmicas também passaram a ser separados e transformados em blocos de concreto, que são aproveitados na base de obras em fase inicial.

“Passamos atuar no ramo habitacional em 2003. Foi aí que percebemos a necessidade de uma destinação adequada dos resíduos”, afirma coordenadora de Recursos Humanos da Marroquim, Lucylene Rodrigues Seixas. A separação dos restos de material utilizado nas construções que é um padrão na empresa garantiu à Marroquim o Prêmio SESI Qualidade no Trabalho (PSQT), na modalidade Desenvolvimento Socioambiental da categoria microempresa. A cerimônia de premiação ocorreu nesta terça-feira, 5 de abril, no Espaço Contemporâneo, em São Paulo.

A Marroquim é uma das 18 indústrias homenageadas neste ano pelo PSQT nas modalidades cultura organizacional, gestão de pessoas, ambiente de trabalho seguro e saudável, educação e desenvolvimento, desenvolvimento socioambiental e inovação.
“O mais importante foi conscientizar os funcionários sobre a responsabilidade de cada um com o meio ambiente. Se conseguimos levar isso para o canteiro de obras é um grande ganho”, destaca Lucylene. A reutilização dos resíduos os reduziu custos das obras. “Em algumas obras tivemos economia de R$ 1.500 ao optar pela utilização dos blocos fabricados com os resíduos”, informa Lucylene. A construtora tem 30 funcionários e dá trabalho a 50 terceirizados.

Além da preocupação com o meio ambiente, a Marroquim oferece atividades para melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores como ginástica laboral no canteiro de obras, parceria com clínica oftalmológica. Também desenvolve projetos culturais, com apresentações artísticas para os pedreiros, carpinteiros e familiares. Ainda oferece um programa de educação no canteiro de obras. “De segunda à sexta, depois do trabalho, temos aula de alfabetização e ensino fundamental”, destaca Lucylene. As aulas são dadas por professores do SESI. “Hoje estamos com duas turmas, uma com 20 alunos, e outra, com 15”, completa a coordenadora de RH da Marroquim.

Outra empresa vencedora do PSQT, a Elkem Participações, indústria de produtos químicos, instalada no município de Serra, no Espírito Santo, investiu na qualidade da educação na comunidade. A indústria ganhadora do PSQT, também na modalidade desenvolvimento socioambiental, criou e implantou o projeto Colorir Criando Valores.

“O aproveitamento das escolas públicas era muito ruim, por isso começamos a suplementar a alimentação. Depois, passamos a dar manutenção nas instalações hidráulicas, elétricas e fazer outros serviços de reparação nas escolas”, explica o diretor-executivo da Elkem, Ernesto Mosaner Junior, idealizador do projeto. O programa tem 12 anos e é executado pela empresa em quatro escolas municipais de Serra. “Criamos o projeto para que as crianças preservassem a escola evitando a depredação e a violência verbal e física”, acrescenta o diretor da Elkem.

A empresa passou a promover palestras sobre os cuidados com o patrimônio público. “Como percebemos a depredação da escola ao final do ano letivo, resolveram chamar a comunidade para mostrar que ela também era responsável”, afirma Mosaner Junior. “Transformar essa responsabilidade em ação é que fez a diferença”, completa o diretor. Segundo ele, as palestras começaram na Escola Municipal de Primeiro Grau Serra Dourada, a primeira a receber o projeto.

Instrutores contratados pela Elkem ensinaram os alunos a pintar as salas e as dependências da escola, informa Mosaner Junior. “Observamos que melhorou o comportamento dos estudantes, porque eles não queriam sujar o que pintavam ou que os pais pintavam”, destaca o diretor.

Segundo Mosaner Junior, assim como as indústrias têm metas de dias sem acidentes, a escola passou a ter dias sem depredação. “Em paralelo, começamos um trabalho de consciência cidadã, com contratação de pedagogos, realização de atividades lúdicas e palestra sobre os cuidados com segurança e com a escola. Isso fez com que os alunos e pais pudessem ser multiplicadores e ajudou a evitar depredações em toda a região”, ressalta Mosaner Junior.

De acordo com a coordenadora de Recursos Humanos da Elkem, Fernanda Nascimento Silva, os resultados foram observados nos primeiros anos do projeto implantado. “Na Escola Serra Dourada, o índice de evasão que era de 10% caiu para zero nos três primeiros anos do projeto. No início, em 2002, o índice de aprovação era de 79% e passou para 95%, em 2010”, lembra. Os dias sem depredação, conta ela, também apresentaram mudança. “Passamos de 73 dias sem depredação, em 2003, para 103 dias sem registros em 2010”, informa Fernanda.

A Elkem conta com a ajuda dos 154 funcionários, que são voluntários, para realizar as ações ajudando na pintura, a dar palestras e participar das campanhas de arrecadação de alimentos, de brinquedos e de roupas. “Tivemos funcionários que se ofereceram para dar aula de informática e palestra sobre cuidados com o meio ambiente”, conta Fernanda.

Para manter o projeto Colorir Criando Valores, a Elkem faz uma doação mensal de R$ 6 mil para o pagamento do salário de um contador e de dois coordenadores pedagógicos. A iniciativa se tornou uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público reconhecida pelo Ministério da Justiça em 2010. Segundo o diretor da Elkem, o reconhecimento facilita arrecadar fundos para que outras escolas recebam o projeto.

“É uma forma de facilitar a participação de outras indústrias e organizações no projeto e para financiar as ações”, informa Mosaner Junior. O projeto Colorir Criando Valores será implantado em duas escolas de Vila Velha e de Vitória.

O PRÊMIO – O PSQT é realizado pelo SESI há 13 anos e reconhece indústrias por suas práticas de gestão e valorização dos funcionários. As 18 empresas vencedoras foram selecionadas em duas etapas. Na etapa estadual, foram escolhidas as empresas com a melhor pontuação nas respostas ao formulário eletrônico, no site do SESI. No questionário, cada empresa descreveu práticas que desenvolve para promover a qualidade no trabalho, os objetivos, a abrangência, os beneficiários e outros resultados obtidos.

Na fase nacional da 14ª Edição do PSQT foram selecionadas as cinco empresas com pontuações mais elevadas nas seis modalidades, num total de noventa empresas concorrentes. Para escolher a vencedora, as empresas foram visitadas por consultores do SESI, que avaliaram a aplicação das práticas inscritas no PSQT. Nesta edição o prêmio recebeu 1.737 inscrições de indústrias de todo o país.