Em artigo intitulado “Reforma política já!”, publicado no Fato Online do dia 1º de janeiro, o conselheiro consultivo da CBIC e membro da Executiva Nacional do PSD, Paulo Safady Simão, destaca que 2015 foi palco de grandes desencontros na área política, o que atrapalhou profundamente o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A indústria da construção e do mercado imobiliário, por exemplo, deve encolher em 2015 mais de 7%, com mais de 550 mil demissões de trabalhadores formais”, destaca. Ainda segundo Paulo Simão, faltam lideranças políticas de peso no país. “Acredito que isso seja consequência direta, principalmente, de um modelo político obsoleto e viciado, que não atende mais às expectativas de um mundo moderno e dinâmico no qual vivemos. Sem desprezar as diversas e importantes reformas necessárias para o reordenamento geral do país, entendo que a reforma política, considerada a mãe de todas as reformas, torna-se prioritária, e é fundamental para que reunamos as condições ideais e necessárias para a retomada do desenvolvimento da nação”, diz.
Reforma política já!
Enviado por Sandra Bezerra, seg, 04/01/2016 – 16:48
O ano de 2015 foi palco de grandes desencontros na área política, o que atrapalhou profundamente o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Sem ambiente seguro para novos investimentos, os empresários recuaram, e a economia entrou em recessão. A indústria da construção e do mercado imobiliário, por exemplo, deve encolher em 2015 mais de 7%, com mais de 550 mil demissões de trabalhadores formais.
No geral, o número de postos de trabalho diminui a cada mês, a inflação não para de subir e o PIB está em queda expressiva. Sem contar a qualidade dos serviços que são oferecidos à população. Tudo está tão ruim que o clima de pessimismo tomou conta dos brasileiros. A desesperança contaminou até mesmo os mais otimistas. Uma avalanche de processos envolvendo corrupção e a falta de ética e de moral de políticos, empresários e servidores públicos têm indignado e envergonhado todo o povo brasileiro.
É preciso encontrar uma solução com urgência. É necessário criar consciência de que crise gera oportunidade e de que, se não pressionarmos as instituições para realizar as mudanças que desejamos, o retorno do crescimento do Brasil no curto e médio prazo será praticamente impossível.
Muito se tem criticado a política e os políticos. Prática, aliás, que já se estende há muitos anos. Para recolocar o país no rumo do desenvolvimento, não há mais caminhos alternativos. Faz-se necessário realizar as tão sonhadas reformas estruturantes, que, certamente, vão impactar a retomada do desenvolvimento sustentado do nosso país. Tais reformas trarão equilíbrio e moralidade e, com isso, a credibilidade para a volta dos investimentos em todos os setores da economia.
Se temos consciência da necessidade das reformas, por que então temos postergado insistentemente realizá-las? Além das dificuldades naturais que são inerentes às mudanças, elas mexeriam com grandes interesses já arraigados no nosso dia a dia que, no fundo, parecem ser a causa principal das mazelas que estamos vivendo.
Faltam lideranças políticas de peso no país. Acredito que isso seja consequência direta, principalmente, de um modelo político obsoleto e viciado, que não atende mais às expectativas de um mundo moderno e dinâmico no qual vivemos. Sem desprezar as diversas e importantes reformas necessárias para o reordenamento geral do país, entendo que a reforma política, considerada a mãe de todas as reformas, torna-se prioritária, e é fundamental para que reunamos as condições ideais e necessárias para a retomada do desenvolvimento da nação.
E é preciso reagir com urgência, principalmente porque ainda temos tempo e condições equilibradas de conduzir com tranquilidade e competência um processo de grandes mudanças políticas. Mudar não é simples! Aí estão os “renans” e “cunhas” da vida, que certamente irão se colocar feroz e competentemente contrários a qualquer alteração que lhes tire o poder e os privilégios.
Como cidadão e ser político que sou, entendo, por exemplo, que estamos maduros para experimentar o parlamentarismo. Isso, claro, no bojo de uma reforma mais profunda na política como um todo. O mundo tem nos oferecido exemplos muito bons desse sistema político.
A história recente do país tem mostrado que o presidencialismo brasileiro caminhou para um modelo distorcido de coalizão partidária, muitas vezes absurda, mas que contempla o “toma lá dá cá”, como se fosse um verdadeiro balcão de negócios, o que traz grandes prejuízos ao país. O quadro político atual, fruto desse modelo perverso, é uma demonstração objetiva do que estamos falando. Temos boas condições de fazer um amplo e eficiente debate sobre essa matéria, conduzido naturalmente pelo Congresso Nacional.
E esse debate tem que envolver necessariamente a sociedade civil organizada, inclusive e principalmente a classe empresarial brasileira, que muitas vezes tem se colocado à distância do debate em torno dos graves problemas que afetam o país.
É fato que o caos político que se instalou é complexo, de difícil equacionamento, mas as reformas certamente irão acender a luz do bom entendimento entre os diversos agentes políticos, econômicos e sociais que representam o nosso Brasil. Vamos em frente. Enfrentar a crise é preciso.
*Empresário e membro da Executiva Nacional do PSD