Patrycia Monteiro
Editora de Economia
O nível de emprego no setor da construção civil brasileira aumentou 7% no ano passado em relação a 2005. A boa notícia foi divulgada pelo Sindicato da Construção de (Sinduscon) de São Paulo na última semana. O levantamento teve como base os números do Ministério do Trabalho.
Em 2006, a atividade econômica encerrou gerando 1,49 milhão de empregos, dos quais 412,7 mil se concentraram só no Estado de São Paulo.
Esse desempenho positivo no mercado de trabalho do setor no ano passado pode ser atribuído ao aquecimento do mercado imobiliário graças ao crescimento no volume de crédito imobiliário do País. A queda da taxa de juros fez com que os financiamentos ficassem mais acessíveis para os consumidores. Segundo especialistas do setor, os bons resultados também ocorreram por causa das iniciativas do governo federal em relação à política habitacional para a população de baixa renda e à redução do Imposto sobre Produção Industrial (IPI) sobre os materiais de construção.
O momento favorável também se refletiu nos ganhos dos papéis das construtoras e imobiliárias na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Essas foram as vedetes do mercado paulista de ações em 2006.
A Cyrela, Gafisa, Rossi Residencial, Company, Lopes, Brascan, Klabin, São Carlos e Abyara realizaram ofertas de ações no ano passado e, apesar de terem terminado o ano com altas próximas à do Ibovespa, de cerca de 30%, seus papéis proporcionaram ganhos consideráveis para quem acertou comprar e vender no curto prazo, de acordo com Regis Abreu, diretor da Mercatto Gestão de Recursos.
ALAGOAS
Contudo, a boa fase vivida pelo setor no Brasil não teve o mesmo reflexo em Alagoas. Enquanto a oferta de empregos expandiu nacionalmente, no Estado ela saiu de um resultado positivo em 2005 para um negativo no ano passado.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2006, as empresas do ramo da construção civil alagoanas contrataram 393 trabalhadores, mas demitiu 710. Ou seja, o número de desligamentos superou o de admissões, deixando um saldo negativo formado por 317 desempregados.
No ano anterior, por outro lado, o setor registrou um desempenho para lá de positivo. Cerca de 10,6 mil trabalhadores tiveram suas carteiras assinadas, contra um total de 9,2 mil demitidos. Dessa forma houve um saldo composto por 1,3 mil empregos gerados.
Segundo Marcos Holanda, presidente do Sinduscon de Alagoas, a queda na oferta de empregos no Estado ocorreu por falta de obras públicas. "O setor alagoano é muito dependente dos recursos federais", explica. "No ano passado, o volume de recursos destinados para os projetos de Alagoas foram pífios, por isso tivemos esse fraco desempenho. Só o PAR (Programa de Arrendamento Residencial) reduziu muito o número de empreendimentos no Estado", exemplifica.
Mas, este ano promete. De acordo com o Holanda há perspectiva de o setor dobrar o número de postos de trabalho este ano – vale ressaltar que, segundo dados do Sinduscon-AL, o segmento emprega 30 mil profissionais no Estado.
"Estamos otimistas com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo", diz Holanda. "Se todas as obras anunciadas pelo governo federal forem de fato concretizadas os negócios do setor certamente ficarão aquecidos", reflete.
Esse clima de expectativa em relação ao PAC que contagiou Alagoas também está tomando conta do setor no âmbito nacional, afinal novos investimentos principalmente em habitação, saneamento e transportes foram anunciados.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sintracon) de São Paulo estima uma alta de até 9% este ano. Esse crescimento, de acordo com Antônio de Sousa Ramalho, presidente do sindicato, pode representar um aumento de pelo menos 150 mil postos de trabalho em todo o País.