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Operários apostam numa vida melhor

28 de junho de 2007

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Lírida Nerys
Estagiária-Texto
Danielle Cândido
Estagiária – Diagramação

Andando em Maceió é fácil encontrar obras, dezenas de prédios residenciais ou comerciais sendo construídos, principalmente, na parte baixa da cidade, os nobres bairros da orla marítima. Chama a atenção o fato de eles estarem a cada dia mais belos e luxuosos. Para levantar toda aquela estrutura, centenas de homens e algumas mulheres dão duro todos os dias em um trabalho pesado, que requer bastante cuidado, esforço físico e mental. E para quem estuda e busca uma qualificação, as dificuldades são ainda maiores; tem que ter disposição e muita força de vontade.
Com apenas 24 anos, Clautems Correa faz parte das poucas mulheres que trabalham na construção civil e vive o dia-dia dos canteiros. Ela é técnica de segurança e comanda cerca de 250 homens na construção de um conjunto residencial no bairro do farol. Sergipana, ela está em Maceió há dois anos; veio transferida por uma construtora, que tem sede em Aracaju, teve que deixar familiares e amigos pela oportunidade de trabalho. "Não me arrependo, fiz bons amigos aqui em Maceió, já estou familiarizada”. Clautenis conta que quando começou nunca tinha visto nenhuma obra de tão perto. Apesar de ter o curso de técnico em segurança, só tinha visto obras na teoria. "No começo me assustei, mas logo peguei a prática; apesar de lidar com homens, todos me respeitam bastante", declarou.
Grande parte dos trabalhadores da construção é formada por serventes de pedreiros que ganham, em média, um salário mínimo (R$ 380). A maioria desses trabalhadores tem pouca escolaridade, quase sempre o nível elementar. É a história de José Cristiano Albuquerque, de 19 anos, que já trabalhou com entregador de água, mas viu na oferta de emprego como servente de pedreiro uma oportunidade para melhorar de vida. Hoje, cursando a oitava série do ensino fundamental, ele acredita que ter uma formação escolar é fundamental para conseguir melhorar de vida. "Esse emprego é cansativo, mas não tive opção; ajudo em casa nas despesas, então tenho que trabalhar", declarou. O cansaço não intimida esse jovem que afirmou ter consciência do quanto os estudos são importantes.
As histórias são bem parecidas. A necessidade de trabalhar e a pouca escolaridade também estão no relato de vida de Amara Benedito Santana, 31, casado, pai de dois filhos. Ele também trabalha com servente em obras e diz ter feito quase de tudo na vida; já trabalhou em carpintaria, com topografia. Mas, para ele, voltar a estudar foi a coisa mais certa que realizou. Com isso, Amaro acredita poder conseguir um emprego melhor. "Hoje me esforço para manter um dos meus filhos, em uma escola particular", disse.
Ele está cursando a oitava série do ensino fundamental e sua esposa, com 28 anos, está concluindo o ensino médio. "Chegar em casa todos os dias por volta das 22h30, é muito cansativo; é só dormir e às 7h tenho que estar aqui no canteiro, para mais um dia de trabalho". Apesar da rotina exaustiva, Amaro conta que quer o melhor para seus filhos e os incentiva a estudar para que eles tenham uma vida melhor do que ele pode dar.
A busca por qualificação faz com que as empresas tragam de outros estados mão-de-obra especializada. É o caso do também sergipano José Santos da Hora, que visita a família em Aracaju a cada 15 dias e já está em Maceió há quase dois anos. Sua função é operador de grua e ele trabalha na mesma empresa há 12 anos. Quando começou a trabalhar, não havia curso para operador de grua. "Entrei pela ‘janela’, fui ousado e aprendi". José diz ainda ter vários cursos de segurança.

Modelo de força de vontade e dedicação

“Você tem que aproveitar as oportunidades que a vida oferece e correr atrás dos seus sonhos". A declaração é de Márcio Antônio Santos, Engenheiro de Produção. A maioria das pessoas sonha em viajar para um lugar lindo e distante, ganhar na loteria, fazer uma plástica. Já outras pessoas, como Márcio, querem ter oportunidades, estudar e qualificar-se para ter direito a lazer, saúde e poder dar isso aos seus filhos. Márcio hoje conta sua história com orgulho; não que ele já tenha realizado todos os seus sonhos, mas tem motivos de sobra para se orgulhar.
Para sustentar a família, Márcio já trabalhou em escritório de contabilidade, com carpintaria, com seguros, montando porta, entre outros ofícios. Chegou um momento em que ele decidiu mudar de vida e tinha a idéia que em Maceió não iria conseguir nada, pois o mercado de trabalho estava saturado. Daí ele, ao conversar com familiares, decidiu ir para Brasília (DF). Na capital federal, ele tinha um encontro com um amigo de seu irmão que era engenheiro e prometeu ajudá-lo; no encontro, eles se apresentaram e a primeira pergunta do engenheiro foi: qual curso você tem? Márcio disse que respondeu com naturalidade: "Nenhum. Só tenho o segundo grau completo”. O amigo sorriu e mandou-o voltar para Maceió, pois em Brasília ele não iria conseguir nada, pois não tinha qualificação nenhuma. Márcio conta que ficou sem saber o que dizer e o que fazer. Mas que depois daquele momento ele prometeu para si mesmo que um dia iria voltar, com um curso superior.
O caminho foi bastante longo: Márcio voltou para Maceió e consegui uma vaga como servente de pedreiro na construção do prédio do curso de engenharia do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac). Nesse emprego, ele viu a oportunidade de atingir seus objetivos. A faculdade onde passou a trabalhar oferecia meia bolsa para os que queriam estudar. Márcio logo se interessou e buscou informações. Mas mesmo com a bolsa, seu salário era pouco e não dava para custear a faculdade e sustentar a família. Então, ele buscou apoio de amigos da instituição e mostrou interesse. Ele disse que foi orientado a fazer um curso de pintor, pois assim ele ganharia um pouco mais e daria para começar a estudar. Seis meses depois, Márcia conseguiu ser contratado como pintor. Daí veio uma outra dificuldade, o vestibular. Sem estudar há 12 anos, ele pensou que não ia conseguir.
Uma irmã de Márcia, que estava guardando dinheiro para fazer um cursinho, foi no seu local de trabalho e o viu na cadeirinha [equipamento usado para pintar lugares altos], e o chamou para ir ao cursinho, onde já havia se matriculado, para trocar o nome dela pelo dele. "Minha irmã ficou muito preocupada ao me ver naquele trabalho e diante da proposta fiquei muito feliz. Minha família foi muito importante para mim, meus pais sempre quiseram que todos nós estudássemos", conta, emocionado.
Por conta do trabalho, Márcio afirma: que freqüentar o cursinho era raro e os horários de estudos eram no almoço, no ônibus, aos finais de semana. Mas, contudo isso, ele foi aprovado no vestibular para o curso de engenharia de produção. "Nesse momento, eu pensei mais uma etapa vencida". Mesmo com um salário melhor era muito sacrificante retirar a quantia da faculdade do orçamento familiar; Márcio disse que fazia bicos e que os amigos ajudavam dando indicação de trabalhos. "Com eu já tinha feito de tudo um pouco, então, além de pintar, eu montava porta, consertava uma coisa aqui outra ali e assim eu ia levando". Um dia, em seu local de trabalho, ele encontrou com o presidente do Cesmac, João Sampaio. "Meu pai era porteiro de Colégio Guido, eu e meus irmãos tínhamos bolsas e estudamos lá; era daí que eu conhecia a filha dele".
Dias após a conversa, Márcio conta ter cruzado novamente com o presidente da instituição e recebeu o convite de ir à sala dele para conversar. "Não acreditei muito que ele iria me receber, mas tentei assim mesmo. Quando eu saí desse encontro ele me disse: ‘vou lhe aproveitar’; eu fiquei esperançoso, mas ainda não sabia o que iria acontecer". Algum tempo depois, Márcio foi contratado como técnico do laboratório de engenharia e estava trabalhando no prédio que ele ajudou a construir.
Hoje, o engenheiro de produção Márcio Antônio Santos, 35, recém-formado, diz que todo o processo foi e continua sendo sofrido. ”Valeu à pena; eu faria tudo de novo, principalmente, porque tudo o que eu consegui foi com honestidade. Me tornei um exemplo para minhas filhas"• Ele fala com entusiasmo das mudanças na família, que passou a apoiar e a valorizar o sonho que ele tinha e da mobilização acertada para que isso acontecesse. Com os amigos, por exemplo, ele conta que a maioria deles voltou a estudar. "Sou muito grato por toda a ajuda que recebi; mas sei que se eu não quisesse, nada teria acontecido". (L.N.)

Construindo prédios e sonhos
Erna Raisa
Estagiária

Para muitos trabalhadores da construção civil, construir prédios é também construir sonhos. Diariamente, eles atravessam a cidade, vindos da parte alta de Maceió em direção à orla, onde está concentrada a maioria das construções de luxo. São prédios levantados por homens comuns, que dão seu suor para sustentar a família. Em equipe, eles tornam “concreto" os sonhos de clientes, transformando areia, cimento e tijolos no lar de outras pessoas. Paralelo a isso, alimentam também a esperança de crescer na profissão: de servente a pedreiro, de mestre de obra a, quem sabe, engenheiro.
Essa realidade é vivida por José Bruce Lee, 27 anos, servente de uma obra situada na orla de Ponta Verde. A semelhança do nome famoso retrata também uma vida de luta. Bruce se encaixa na típica história do rapaz vindo do interior: casado e pai de dois filhos, ele chegou a Maceió há dois anos em busca de emprego. Natural de Viçosa, município situado a 86 km de Maceió, o pedreiro vive uma rotina de muito trabalho.
Acorda todos os dias às 5h da manhã e vai de ônibus à obra onde trabalha, na Ponta Verde. A filha mais velha, Ana Caroline, 9 anos, é deficiente auditiva. O pedreiro tem, então, de se virá, para atender aos cuidados que são necessários a ela, como a busca por uma escola especial e aparelhos auditivos.
Em Maceió, além de trabalhar como servente, é vendedor de DVDs aos sábados, e de carne; no mercado municipal de Viçosa, aos domingos. “Gosto do que faço, mas aqui eu faço para os outros. Meu maior sonho hoje é ter minha casa própria”, diz ele.
Bruce mora no bairro do Graciliano Ramos e trabalha em tempo integral e nos fins de semana. No horário de almoço, ele aproveita para apreciar a vista da praia de Ponta Verde, de um lugar privilegiado: a cobertura do prédio que, para ele, hoje é apenas seu local de trabalho na obra. Após lidar com cimento, areia e ferramentas durante toda a manhã, a pausa do almoço é também a hora do descanso. "Ás vezes fico olhando a vista daqui de cima, mas prefiro mesmo descansar para começar de novo à tarde”, afirma.
O que mais fascina este trabalhador é o orgulho que sente quando se vê diante de um prédio luxuoso que ajudou a construir. “Fico olhando e dizendo pra mim mesmo: fui capaz de construir isso aqui", afirma ele. “Mas, às vezes, prefiro trabalhar sozinho porque me sinto mais responsável pelo que estou fazendo", completa.
Alguns de seus colegas têm aulas na escola montada no próprio canteiro de obras.

Canteiros qualificam trabalhadores

Várias construtoras instaladas em Alagoas – como a Norcon, Cipesa, Record – realizam cursos, palestras, concursos para qualificar e incentivar os funcionários a se qualificarem. Atividades diversas, como aulas de alfabetização, informática, reciclagem de material para as famílias dos operários, campeonatos de futebol com premiasão promovidas para incentivar a participação de todos.
De acordo com Marcos Amélio, coordenador de gestão da Cipesa, a participação em atividades extras é massiva; ele afirma, ainda, que os funcionários têm interesse em se qualificar. "O colaborador quer atenção e respeito; temos que ser realistas e bem claros, todos ganham com a qualificação deles", declarou Marcos Aurélio. (L.N.)

Economia (24-06-2007)

Novos projetos aquecem mercado imobiliário

Demanda alta atrai construtoras para Alagoas
Nide Lins
Repórter
Com agências

Quem caminha pela orla de Maceió, entre os bairros de Pajuçara e Jatiúca, tem como primeira impressão que não há mais espaço para se construir novos prédios. Puro engano, o mercado imobiliário alagoano vive um momento de aquecimento, com novos empreendimentos sendo erguidos e novas empresas chegando ao Estado. Na bagagem, elas trazem propostas inovadoras.
Recentemente foi lançado o Jatiúca Trade Residence (JTR), um mix de três torres residenciais com apartamentos de até quatro dormitórios, duas torres para escritórios e um "open mall" com espaço para cinema, supermercado, academia, lanchonetes e lojas. O empreendimento apresenta ainda uma inovação: embora seja condomínio privado e com função de moradia, o acesso às suas áreas comuns será totalmente aberto ao público.
A proposta inovadora é da Cipesa e Gafisa. O preço do sonho do apartamento é a partir de R$ 112 mil e a unidade comercial a partir de R$ 170 mil. Para o diretor de Novos Negócios da Gafisa, Antônio Ferreira, a idéia foi criar mais do que um condomínio.
Segundo ele, o conceito do empreendimento, que reúne espaços residenciais, comerciais e de entretenimento, aliado ao projeto paisagístico, com o "boulevard", além de ser à beira-mar, propicia visitação como uma nova atração turística de Maceió.
O empresário Mauro Paiva, da Cipesa, ressalta que Alagoas tem se mostrado um excelente local para investir. "Essa tendência de unir espaços tem sido muito observada em grandes metrópoles como Nova Iorque e São Paulo e temos certeza de que será um sucesso aqui também", afirma.
Sobre futuros investimentos em empreendimentos turísticos no Estado, o diretor Antônio Ferreira revelou que, como a empresa tem ações negociadas com a bolsa, não pode fazer nenhum tipo de projeção em relação desenvolvimento de projetos.
"O que podemos adiantar é que estamos atentos a todas as boas oportunidades que aparecem", diz.
Já sobre a informação de um futuro resort na praia do Gunga, o diretor da Gafisa, explica que existe um acordo com o proprietário do terreno e as empresas não podem se pronunciar no momento.

EXPANSÃO – Em 2004, a Gafisa iniciou seu plano de expansão nacional e decidiu atuar em outros mercados fora do eixo Rio-São Paulo, onde já estava presente há cerca de 50 anos. Para a empresa, o mercado alagoano é extremamente promissor e tem grande potencial de expansão. Por isso, para os empresários, a melhor maneira de conquistar mercado em diferentes estados brasileiros é se associar à empresas que tenham profundo conhecimento sobre os merca dos locais.
"Esse é o caso da Cipesa, em Alagoas, a OAS, na Bahia, e a Ivo Rizzo, no Rio Grande do Sul. Esses são alguns exemplos de parcerias estabelecidas pela Gafisa".

Crescimento do Nordeste define opções de novos investimentos

Na avaliação do diretor administrativo da Norcon, Cristiano Teixeira, o Nordeste brasileiro se tornará dentro de alguns anos um dos principais destinos turísticos do mundo. "Por isso estamos buscando expandir os nossos horizontes. Primeiro foi Alagoas (Maceió) e depois a Bahia (Feira de Santana e Salvador)", afirmou, acrescentando que muitos estrangeiros já consagraram o Nordeste como opção de segunda residência.

A Norcon é uma construtora de Aracaju com 49 anos de existência, que emprega 2.500 colaboradores diretos e aposta em diferenciais em seus projetos.
Em 2007, já estão sendo investidos R$ 300 milhões nos oito empreendimentos lançados este ano em Maceió, Salvador e Aracaju. Segundo o superintendente regional da empresa no Estado, Arnaldo Dantas, 40% desses recursos serão para a capital alagoana porque é um mercado promissor.

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