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Fantasma do Litoral Sul

1 de agosto de 2007

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SIDNEY TENÓRIO
Repórter
Os estragos da construção do aterro sanitário no bairro de Guaxuma estão sendo considerados por representantes dos setores imobiliário e turístico e por ambientalistas de proporções semelhantes à construção da indústria química Salgema, nos anos de 1970, no bairro do Pontal da Barra. O temor é de que o Litoral Norte da cidade tenha o mesmo fim do Litoral Sul, abandonado por investidores e transformado numa área quase deserta.
A comparação é feita baseada no medo de se viver e freqüentar uma área com risco de contaminação por produtos químicos – como a do entorno da antiga Salgema, hoje Braskem – com o temor de um local que tem o ar e o lenço freático poluídos, o que é registrado em áreas próximas a lixões.
O presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi), Jubson Uchôa, destaca que, apesar de todas as belezas naturais do Litoral Sul de Alagoas, a área não recebe qualquer tipo de investimento há anos nenhuma empresa tem interesse em construir próximo a uma indústria química.
"Fenômeno semelhante pode correr como Litoral Norte, se houver insistência da Prefeitura de Maceió em colocar um aterro sanitário naquela região. O que mais chama atenção e que o próprio plano Diretor prevê aquela área como de expansão", ressaltou Uchôa. .
Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Vilmar Pinto da Silva, haverá um bloqueio do mercado imobiliário para o Litoral Norte, que deve se estender ate o bairro de Ipioca.
"Deve acontecer fato semelhante ao que vem sendo registrado no Litoral Sul, onde passou a ser construído condomínio de luxo, como o Laguna, no município de Marechal Deodoro. Se o aterro for construído, os investimentos devem ser aplicados depois de Ipioca, na divisa com Paripueira", lamentou Vilmar Pinto.
Apesar das críticas pela escolha de Guaxuma para a instalação do aterro sanitário, representantes dos dois setores e os próprios moradores da região são unânimes em afirmar que a cidade não pode mais conviver com o lixão de Cruz das Almas, que também afasta investimentos para o Estado. "Mas não podemos corrigir um erro com outro maior", enfatizou Glênio Cedrim, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).
Marcos Antônio Buarque, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon), fez questão de ressaltar que é importante, entretanto, que haja uma disponibilidade de recursos para que o aterro sanitário com o passar dos anos não se transforme num novo lixão.
É justamente esse o receio dos comerciantes da região de Guaxuma. "No papel é tudo muito bonito, mas quem garante que o passar dos anos não vai transformar o aterro num lixão", indagou o empresário Régis Madureira, dono do bar Dona Neuzinha.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Ricardo Ramalho, o único representante da Prefeitura de Maceió a falar nas últimas semanas sobre o assunto aterro, garante que a área foi escolhida seguindo estudos técnicos e que o novo depósito de lixo da capital alagoana terá uma estrutura moderna, diferentemente do existente atualmente em Cruz das Almas.

Depósito de lixo afastará expansão

O local escolhido pela Prefeitura de Maceió para abrigar o aterro sanitário fica, em linha reta, a menos de 1,9 quilômetros da Praia de Guaxuma. Para o setor imobiliário, a instalação do depósito de lixo implica o afastamento de qualquer possibilidade da expansão de Maceió para o Litoral Norte. O segmento esperava investir, nos próximos anos, algo em torno de R$ 800 milhões naquela região. "Aquela área está sendo adquirida por construtoras e imobiliárias para a futura construção de edifícios à beira-mar e condomínios de luxo. Entretanto, grande parte desses investimentos deverá deixar de ser aplicada com a instalação do aterro em Guaxuma", ressaltou o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi), Jubson Uchôa.
Numa visão preliminar, Uchôa acredita que a construção de edifícios não deve ser afetada num primeiro momento. Entretanto, os condomínios de luxo, que já estão avançando por Jacarecica, não devem chegar a Guaxuma. "Ninguém vai querer comprar lotes de um condomínio ‘classe N tendo como quintal um aterro sanitário", justificou o construtor.
Os condomínios citados por Uchôa são o Ocean View e o Green Park, que abrigam várias mansões com vista para o mar. A previsão do setor imobiliário era que outros condomínios desse porte fossem construídos em Guaxuma e Garça Torta nos próximos anos.
O presidente do Conselho Regional de Corretores e Imóveis (Creci), Vilmar Pinto da Silva, entretanto, foi categórico: "O aterro vai retrair os investimentos. Ninguém vai conseguir vender lotes num lugar com essas características".

Perda de R$ 3,5 bilhões com aterro na região

A estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) em Alagoas é de que pelo menos R$ 3,5 bilhões possam deixar de ser investidos nos próximos anos, caso o aterro sanitário seja instalado em Guaxuma.
Segundo o presidente da ABIH, Glênio Cedrim, a previsão é de que nos próximos anos pelo menos 25 mil leitos sejam inaugurados no Litoral Norte. "Como para cada leito é investido R$ 100 mil em infra-estrutura, a não-instalação de 25 mil significa perda de R$ 3,5 bilhões para o turismo alagoano, além de pelo menos 50 mil empregos", explicou.
A instalação do aterro pode afastar os investidores estrangeiros, que já começaram, inclusive, a investir na compra de terrenos na região de Guaxuma. Antes de gastar milhões na construção de um hotel, esses investidores fazem um estudo da área, inclusive do comportamento do poder público com relação ao setor turístico. "O aterro é um sinal negativo", ressaltou Cedrim.
O Litoral Norte está na mira de grupos nacionais e internacionais pelo fato de não haver mais espaço para a instalação de hotéis na zona urbana de Maceió, que possui hoje nove mil leitos.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens em Alagoas, Marcel Monteiro, ressalta que o crescimento do turismo não está diretamente relacionado a sua rede hoteleira.
O secretário estadual de Turismo, Virgínio Loureiro, mesmo com todos os investimentos que o governo vem fazendo para tentar trazer turistas para Alagoas, limitou-se a afirmar que se a prefeitura pudesse escolher uma outra área "seria preferível". Mas ele diz acreditar que o aterro será moderno e que não vai trazer nenhum prejuízo.

Lixão no turismo
SIDNEY TENÓRIO
Repórter
Uma das áreas mais belas e valorizadas de Alagoas. Essa é a melhor definição para a região de Guaxuma, escolhida pela Prefeitura de Maceió para abrigar o futuro aterro sanitário. A decisão é considerada por setores da economia como o fim da expansão turística e imobiliária para o Litoral Norte do Estado e pode levar a perda de mais de R$ 3,5 bilhões em investimentos nacionais e internacionais.
A notícia da escolha de Guaxuma caiu como uma bomba para os setores turístico e imobiliário. A região vinha sendo traçada como a "menina dos olhos", inclusive por investidores internacionais. Apesar dos detalhes serem mantidos sob sigilo por questões empresariais, redes de hotéis e construtoras de todo o País vinham adquirindo imóveis nas áreas próximas ao aterro para a instalação de hotéis, resorts e grandes condomínios de luxo à beira-mar e às margens da rodovia AL-I0l Norte.
Mas a instalação do aterro não apresenta apenas reflexos no futuro da economia do Estado. Centenas de famílias, que sobrevivem hoje do comércio e do turismo na região que vai de Jacarecica a Ipioca, temem ficar sem emprego caso a área receba os impactos negativos de abrigar um depósito de lixo.
Para investidores dos setores turístico e imobiliário, a construção do aterro na região de Guaxuma deve provocar os mesmos efeitos da instalação da indústria química Salgema, na década de 70, no Litoral Sul de Maceió. A área foi abandonada por investidores e pouca gente se arrisca em comprar imóveis aos arredores da indústria.
O que mais revolta os moradores de Guaxuma é que, mesmo sem autorização definitiva do Conselho Municipal de Proteção Ambiental (Compram), que ainda pode vetar o projeto para instalação do aterro sanitário, técnicos da prefeitura estão invadindo as propriedades para fazer demarcações da área e serviços topográficos, inclusive com a ajuda de agentes do grupo de elite da Guarda Municipal.

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É com imensa gratidão que queremos expressar nossos mais sinceros…

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