As empresas de construção civil de 23 estados brasileiros – incluindo o Rio Grande do Sul – importarão, pela primeira vez em sua história, aço para utilizarem nas novas obras. A manobra possibilitará a redução de 20% no preço do insumo, que responde por um décimo do custo das obras, em relação ao produto nacional. O desembarque será no final deste mês ou na primeira quinzena de setembro.
"As construtoras estão elaborando seu orçamento e verificando a quantidade de aço que precisam, e nos próximos dias teremos a confirmação de volume", explica Carlos Alberto Aita, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado. A iniciativa de importar é da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), e o principal objetivo é fugir da elevação de preços na indústria brasileira. Apenas neste ano, o valor do aço aumentou em 28%.
"O grande volume importado nos possibilitará uma redução de preços significativa", comenta Aita. A compra de aço de fora também poderá servir para dar poder de barganha para as construtoras pleitearem junto ao governo redução das taxas de importação do material.
Até hoje, a priorização por comprar insumos no mercado brasileiro ocorre pela facilidade logística e agilidade na distribuição. No caso do aço, a principal dificuldade enfrentada pelo setor é conseguir comprar aços já cortados e dobrados, que são os utilizados pelas construtoras.
"Uma empresa brasileira, no entanto, agora passará a efetuar a dobra do material", comentou Aita, que não informou qual companhia prestará o serviço no País. A busca por insumos no mercado internacional deve ter novos capítulos ainda neste ano: não está descartada também a importação de cimento, cujo aumento na indústria nacional já chega a 23% em 2008.
A preocupação com a alta nos preços ocorre em um momento de aquecimento no mercado imobiliário brasileiro, particularmente o gaúcho. A perspectiva é da continuidade dos bons negócios na construção civil do Rio Grande do Sul até o final do ano. A meta é crescer entre 5% e 6% em 2008 e repetir a dose no ano seguinte.
"Graças às mudanças no arcabouço legal e na oferta de recursos mais baratos e com prazos esticados, o setor de construção civil vive hoje um momento muito favorável", comenta Juliano Melnick, vice-presidente do Sinduscon-RS.Aita acredita que o aumento nas taxas de juros promovidos pelo Banco Central recentemente não serão sentidas imediatamente pelo setor, pois os contratos firmados têm juros fixos.
Além disso, a perspectiva de redução da inflação daqui por diante deve garantir o fim do ciclo de altas na taxa Selic, beneficiando o setor em longo prazo. Além da elevação nos preços dos insumos, a falta de mão de obra qualificada tem atrapalhado o setor.
No Estado falta desde engenheiros com mais de dez anos de experiência até profissionais para trabalharem como pedreiros, pintores, instaladores e carpinteiros.
"As empresas estão precisando contratar profissionais sem experiência, encarregando-se do treinamento", explica Carlos Alberto Aita.