De acordo com as autoridades do setor de construção civil do País, a alta carga de impostos, os juros reais e falta de crédito são principais fatores que preocupam o setor neste momento de crise financeira mundial. No Ceará, o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/CE) apresentará, ao Governo do Estado, um pedido para a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em cinco produtos.
"Estamos nos articulando para negociar com o governador a redução de imposto sobre o tijolo, aço de construção, cimento, cerâmica e olaria (produtos de barro). Esses são os itens em que, reduzidos, teríamos um resultado satisfatório na economia”, afirma o presidente do sindicato, Roberto Sérgio Ferreira.
No que diz respeito a medidas que podem ser tomadas pelo Governo Federal, Ferreira reclama a falta de capital de giro para o setor. “O Governo já tomou uma série de providências, mas ainda não resolveu, com eficácia, a questão do capital de giro. Esse é o nosso maior desafio para este ano”, diz. Questionado sobre o valor ideal, ele respondeu: “R$ 1 bilhão para o setor empresarial seria o suficiente”, complementa.
No entanto, o momento não é só de cobranças. O setor também está apresentando projetos para resolver problemas na área habitacional do País, que hoje possui déficit estimado em 8 milhões de moradias. Um destes, chamado Moradia Digna, prevê criação de 1 milhão de unidades até o fim do próximo ano, destinado a famílias que possuem renda de 2 a 10 salários mínimos. “Nossa expectativa é que essa ação possa ser anunciada pelo Governo Lula depois do Carnaval”, projeta Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Simão destaca ainda outro projeto que vai beneficiar pessoas que compram imóveis financiados. “Nesta ação, o mutuário que divide o pagamento em 25 anos terá garantido, em contrato, uma folga de dois anos sem pagar as prestações (sendo no máximo seis meses seguidos), sem que ele precise ir ao banco ou pague juros. Dessa forma, ele não fica apertado, caso passe por situações de desemprego ou redução de renda”, explica.
Insatisfeito com a atual oferta de crédito imobiliário no País, o presidente do CBIC afirma já estar conversando com instituições financeiras para tentar resolver o impasse. “Hoje, o nosso crédito representa 3,5% do valor PIB (Produto Interno Bruto) nacional, enquanto nos países desenvolvidos esse índice é de 50%. Precisamos aumentar pelo menos 10 pontos percentuais, nos igualando ao volume destinado a países emergentes, como o México, por exemplo”, argumenta.