A escalada do preço dos imóveis no Recife preocupa até mesmo a indústria habitacional, mas para os empresários do setor, a valorização ocasionada pelo crescimento da economia – maior nível de financiamento, demanda de novos profissionais e menos oferta de terrenos –, tem um limite. Esse extremo será definido pela renda da população recifense. Foi o que aconteceu em São Paulo. “Há um ano e meio os lançamentos passaram a não ser aceitos pelo comprador de São Paulo. Neste caso, o mercado se reposicionou e passou a melhorar as condições de venda”, compara o empresário Marcello Gomes, da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi).
Na visão do setor ainda há margem para uma posição mais alta de preços no mercado local e uma amostra disso seria o caso da Pernambuco Construtora, que lançou um empreendimento com preço inicial de seus apartamentos a R$ 5 mil o metro quadrado na Rua do Futuro. Isso porque o mercado imobiliário recifense passou por dois momentos nesses últimos anos. O primeiro foi o da recuperação de preços e depois o da melhoria da margem de lucro das empresas.
“Mas não podemos tirar o mercado pelas exceções e desequilíbrios. O preço médio dos imóveis na capital pernambucana ainda são os mais baixos da região e isso tem a ver com a alta competitividade do setor. Em outras capitais, poucas empresas dominam todo o mercado. Aqui, temos dezenas. A Ademi é uma entidade com mais de 100 associados”, comenta Gomes.
O fato é que a recuperação dos preços dos imóveis atingiu o bolso da população recifense. A professora do departamento de pós-graduação de Economia da UFPE Tatiane Menezes explica que a inflação local descolou do movimento nacional, principalmente por causa das despesas com habitação. “Particularmente, no item aluguel, há um descolamento na escala de preços, acima da média nacional”, comentou a professora citando números do IPCA.
O aluguel tem um peso de 10% no índice inflacionário. “Há cinco anos o Recife tinha um IPCA abaixo da média nacional. De 2009 para cá, há uma equiparação com a média nacional e, no caso dos aluguéis, há um descolamento (ver quadro abaixo)”, destacou Tatiane.