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Vício em crack invade canteiros de obras em Maceió

18 de novembro de 2011

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Além de já ter se espalhado pela periferia e até em pontos das classes média e alta de Maceió, o crack também invadiu os canteiros de obras da capital alagoana. A situação tem preocupado a direção da Associação dos Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi/AL). A produção de trabalhadores que se tornam vítimas da droga é reduzida drasticamente e acaba atingindo o desempenho do setor.

Problema que segundo a coordenadora do Fórum de Combate às Drogas de Alagoas, Noélia Costa, é reflexo da sedução dos traficantes, que muitas vezes vendem o crack afirmando que o usuário vai "incrementar" seu rendimento no trabalho. Isso porque, de acordo com a coordenadora, o crack é um forte estimulante do sistema nervoso e, no primeiro momento, a droga dá a impressão de que a capacidade física aumentou.

“Percorremos os canteiros de obras e verificamos relatos de trabalhadores que passaram a fazer uso do crack, impulsionados por uma falsa promessa de que passarão a render mais no ambiente de trabalho. Alguns passaram a consumi-lo não com este foco, mas porque foram seduzidos por amigos e traficantes. Outros também fazem uso de bebida alcoólica, o que aumenta o efeito nocivo à saúde”, informou a coordenadora do Fórum de Combate às Drogas de Alagoas.

Constatação

De acordo com o psicólogo Danilo Della Justina, é com ilusão de aumentar o rendimento que os usuários passam a utilizar o crack com maior frequência e em quantidades maiores. Com isso, eles comprometem a saúde drasticamente e chegam em um patamar que não rendem mais, deixam de comparecer ao local de trabalho, além de perder a confiança dos colegas, que temem ser assaltados ou roubados.

“Já atendi a um trabalhador que passou a usar o crack para aguentar trabalhar à noite. Ele usava a droga de forma tão desenfreada que chegou um momento em que não aguentava mais trabalhar e ficou totalmente fora de órbita. O efeito do crack é devastador”, contou o psicólogo ao Tudo na Hora.

Uma realidade vivenciada pelo pedreiro Marcos André Souza dos Santos, 25 anos, que passou a consumir a droga por influência de amigos. Depois de chegar ao fundo do poço, ele foi obrigado a deixar de trabalhar, porque não aguentava ficar no canteiro de obras, já que estava altamente debilitado.

“Foi uma situação dramática", lembra Marcos. "Eu sei que tive a cabeça fraca, que fui influenciado por más companhias, mas me deixei levar e paguei um preço alto. Graças a Deus encontrei alguém que me ajudou na recuperação e hoje estou limpo”. Marcos André aceitou falar com o Tudo na Hora, mas pediu para não ser fotografado.

O mestre de obras Jânio José da Silva está se deparando atualmente com essa situação no canteiro que comanda. Para ajudá-lo a lidar com trabalhadores que caem no vício do crack, Jânio foi procurar o Fórum de Combate às Drogas de Alagoas. Em um dos canteiros onde trabalhou, o uso do crack já chegou a gerar conflitos que resultaram, inclusive, em um tiroteio.

“Essa situação me preocupa muito. Mesmo sabendo que a dependência química é uma doença, aqueles que convivem com dependentes perdem a confiança neles. Em muitos casos, além dos problemas como a queda no rendimento, alguns chegam até a roubar para sustentar o vício, para comprar o crack”, contou o mestre de obras.

Dependência gera acidentes de trabalho

Aém da queda no rendimento, os usuários de drogas como o crack se envolvem em acidentes de trabalho. A coordenadora do Fórum de Combate às Drogas de Alagoas, Noélia Costa, cita um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que aponta uma realidade preocupante. De 20% a 25% dos acidentes de trabalho envolvem usuários de drogas. O Brasil está entre os cinco primeiros países do mundo em número de acidentes de trabalho em que as vítimas são usuárias de entorpecentes. E dos cerca de 500 mil acidentes que ocorrem por ano, cerca de quatro mil resultam em mortes.

“Para se ter ideia, segundo o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], anualmente o Brasil chega a perder R$ 19 bilhões com trabalhadores que faltam ao trabalho. Um problema que é consequência de doenças ou acidentes, ocasionados principalmente pelo uso de drogas, a exemplo do crack e do álcool”, informou Noélia Costa.

Comitê de ajuda aos usuários

Para frear o consumo de crack e outras drogas nos canteiros de obras, o Fórum Estadual está formando um comitê de ajuda aos usuários. Com o apoio da Ademi e do Serviço Social da Indústria (Sesi), estão sendo sensibilizados os usuários, para que possam buscar o tratamento de desintoxicação, levando-os a voltar a produzir e se inserir no convívio social.

“Nosso objetivo é atacar o problema do uso de drogas nos canteiros de obras, porque a situação está tomando uma proporção alarmante. Se não enfrentarmos esta realidade, em pouco tempo estaremos perdendo o controle total”, pontuou a coordenadora do Fórum Estadual de Combate às Drogas de Alagoas.

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É com imensa gratidão que queremos expressar nossos mais sinceros…

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